Por que importa: À medida que países de todo o mundo saem ou se preparam para sair do confinamento, precisamos encontrar maneiras de nos reunirmos com outras pessoas sem causar outro pico de infecções por Covid-19. Ou seja, uma forma de equilibrar as preocupações de saúde pública com as nossas necessidades sociais, psicológicas e económicas de interação.
A forma de o fazer, porém, não está clara. Os especialistas médicos recomendam medidas como o confinamento em casa, evitar pessoas fora do seu convívio familiar ao máximo possível e manter dois metros de distância quando interage com outra pessoa. No entanto, existem poucas pesquisas sobre a eficácia deste tipo de distanciamento social. Estudos anteriores analisaram principalmente o impacto de amplas restrições, como interromper viagens, cancelar encontros públicos e fechar escolas – e não as especificidades da interação social no nível interpessoal.
Quem é podemos ver? Uma equipa liderada por Per Block, um sociólogo da Universidade de Oxford e do Leverhulme Centre for Demographic Science (LCDS) no Reino Unido, simulou três estratégias diferentes de distanciamento social e descobriu que cada uma oferecia uma maneira de estender os nossos círculos sociais, mantendo o nível de transmissão da Covid-19 relativamente baixo – desde que ainda cumpramos certas regras.
A primeira estratégia é ficar em contacto apenas com pessoas que tenham algo em comum, como aquelas que vivem no mesmo bairro ou têm a mesma idade. Agrupar funcionários dessa maneira pode reduzir o risco de transmissão generalizada, sugerem os investigadores. A segunda estratégia é manter grupos que já possuem fortes laços sociais, como grupos de amigos onde todos se conhecem.
As bolhas são as melhores: A terceira estratégia que a equipa simulou eram as mencionadas “bolhas” ou “quaranteams”, na qual um grupo escolhe o seu próprio círculo social – e então permanecem dentro dele. Todas as três estratégias foram mais eficazes na redução da transmissão do que o distanciamento social aleatório, onde o número de indivíduos que as pessoas veem é reduzido, mas ainda assim entram em contato com diferentes grupos. De acordo com as simulações, as bolhas são as melhores opções: atrasam a taxa de infecção em 37%, diminuem o nível do pico em 60% e resultam em 30% menos indivíduos infectados no geral. A primeira estratégia, aderir a um grupo de pessoas com algo em comum, foi a segunda mais eficaz.
Os investigadores sugerem que as bolhas funcionam bem porque são baseadas numa escolha deliberada sobre com quem as pessoas irão ou não interagir, em vez de depender aleatoriamente de laços sociais ou geográficos, que são mais facilmente quebrados.
Será que isto realmente funcionará? As simulações não são a vida real. Para começar, os investigadores modelaram redes relativamente pequenas entre 500 e 4.000 pessoas. Mas o tamanho não fez uma diferença significativa para a eficácia das várias estratégias, o que sugere que os resultados também podem ser verdadeiros para populações muito maiores. Há também a questão das mensagens públicas: o distanciamento social funciona melhor quando as diretrizes são as mais simples possíveis. Complicar a mensagem com regras mais complexas pode não funcionar tão bem na realidade.