Desde o início do confinamento, uma nova normalidade passou a fazer parte do nosso quotidiano: é o famoso “2” metros de distância a ser respeitado entre cada indivíduo. “Distanciamento social”, termo técnico inicialmente utilizado por cientistas e médicos, essa palavra hoje faz parte do jargão de todos. Esse conceito visa reduzir a probabilidade de contacto entre as pessoas, a fim de diminuir bastante o risco de contaminação por gotículas por tosse ou espirro. A transmissão é, portanto, por via aérea, por contacto físico direto com uma pessoa infectada e por contacto físico indireto (tocando uma superfície contaminada). Portanto, afastar-se fisicamente dos outros nunca foi um gesto tão altruísta como agora.
A descoberta do teletrabalho
A fim de limitar o risco de contaminação por coronavírus, muitas empresas convidam os seus funcionários a ficar em casa para trabalhar. Certamente, isso é para protegê-los, mas também para evitar possíveis processos judiciais. Muitas pessoas são recentes no teletrabalho. Nunca a Internet esteve tão ocupada. Muitas pessoas precisam utilizar uma VPN (Virtual Private Network) pela primeira vez, para evitar qualquer risco de hacking, pois existe, com esse teletrabalho generalizado, uma oportunidade sem precedentes de infiltração de negócios.
É neste contexto que surge a ideia da “economia do coronavírus” na forma de uma experiência global validando a forma como trabalhamos e convivemos com a família. Com efeito, garantir a continuidade das funções de teletrabalho é um desafio quando se tem de gerir simultaneamente os seus filhos, cuidar das suas necessidades e garantir a sua educação. A implementação da desmaterialização do ensino e ao mesmo tempo mobilizar o serviço público audiovisual tem pairado entre aqueles que pensam o ensino no Brasil e no mundo.
Inovação Educacional: como reduzir distâncias sociais e espaciais?
A inovação educacional deve ser vista como um processo criativo para facilitar a aquisição de conhecimentos pelo corpo docente. A tecnologia, portanto, serve apenas para apoiar as iniciativas dos professores, e não o contrário. Certamente, trata-se de recorrer às novas tecnologias, especialmente as digitais, com ênfase no aspecto colaborativo. Torna possível orientar o ensino para as competências do aluno e não para a simples aquisição de conhecimento puramente. Cada vez mais, modalidades de aprendizagem na forma de hackathon ou desafios de finais de semana estão a destacar-se. Colocados assim em competição, os alunos trabalham as suas capacidades de criatividade, reflexão e análise crítica, tantas competências hoje exigidas pelo mundo empresarial.
Ao investir todos os esforços para transmitir conhecimentos aos alunos, a inovação educacional permite a aproximação social entre professores e alunos, mas também entre empresas e alunos, ou seja, os seus potenciais futuros funcionários. Potenciais criativos, tão procurados, até perfis atípicos, apresentam-se aos seus empregadores. É um processo que as universidades empreenderão da melhor maneira possível, dados os seus recursos humanos, técnicos e financeiros mais limitados na atual conjuntura.
A resposta do Ensino Superior via E-educação
A crise planetária que nos atinge dá origem a um número incalculável de iniciativas. As ferramentas tecnológicas vêm se opor às distâncias sociais e físicas a fim de minimizar precisamente os efeitos negativos desse distanciamento.
As ferramentas tecnológicas têm se vindo a propagar desde o início da crise para garantir a continuidade pedagógica nas melhores condições possíveis. Essas tecnologias tornaram possível configurar salas de aula virtuais.
Assim, o distanciamento social adquiriu todo o seu sentido com a crise e, dos esforços da estratégia tecnológica, emergiu de fato uma maior proximidade entre os diferentes atores da comunidade académica.
Artigo de Lenildo Morais, Autor – MIT Technology Review Brasil