Estamos a presenciar uma clara movimentação do mercado em direção ao que se pode fazer com/no metaverso. Mas, o que significa essa expressão exatamente? O termo nada mais é do que a união do prefixo meta, que quer dizer “além” em grego, com universo, ou seja, “além do universo”. Na prática, significa um espaço virtual partilhado que procura simular a realidade por meio de dispositivos digitais como Inteligência Artificial, IoT, Blockchain, Realidade Aumentada, entre outros. E, apesar de parecer uma expressão recente, não é. Agora, a conversa que eu quero propor aqui é: dá para fazer negócio no metaverso? A resposta é um grande sim!
Há um leve engano ao pensar que metaverso é algo de 2021, mas o termo metaverso foi usado pela primeira vez no romance cyberpunk Snow Crash, publicado em 1992 pelo escritor Neal Stephenson. E, temos emulações de mundos constantemente presentes na história recente da tecnologia e das comunicações, como os jogos de mundo aberto, com diversas possibilidades de narrativas que já vivem isso há muito tempo. Desde o Pokémon Go, da Niantic, que simula a experiência de treinar e capturar pokémons no “ambiente real”, passando pelo Animal Crossing, jogo para Nintendo Switch que inclusive já teve diversas ativações de marcas, podemos perceber que essa tendência vem sendo moldada há anos e veio para ficar.
É facto que hoje temos falado muito mais sobre o assunto, isso porque estamos a passar por uma revolução. Do ano passado para cá, o comportamento do cliente, que já estava a mudar, transformou-se ainda mais e continua em constante evolução. Em parte devido ao isolamento social, que nos obrigou a fazer novas escolhas, mas também porque esse novo consumidor se empoderou e entendeu que o poder de escolha do “onde”, do “como”, do “o que” e “em que horas” comprar, está nas suas mãos. Literalmente nas suas mãos, no telemóvel.
Prova disso é a pesquisa “Consumo online no Brasil”, realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com a Offerwise Pesquisas, que mostra o smartphone como o dispositivo mais utilizado nas compras pela Internet (87%) em 2021. E não é para menos! Em tempos difíceis e restritivos, como o que vivemos com a pandemia, os caminhos digitais foram absolutamente pavimentados no dia a dia das pessoas. Ainda mais se pensarmos que o metaverso oferece um infinito leque de possibilidades, num universo totalmente personalizável, possível e com grandes chances de simular e melhorar qualquer atividade na “vida offline” num ambiente 100% digital. Mas, com tanta mudança, como compreender esse novo consumidor?
O consumidor em tempos de metaverso
Com o metaverso, a aquisição de serviços e produtos, de forma geral, poderá ser realizada numa experiência completamente imersiva e dinâmica, o que o torna um lugar propício para que as marcas prestem muita atenção nas esferas de comportamento e comunicação com o consumidor e consigam entender ainda mais sobre as suas preferências, por meio de uma quantidade astronómica de dados que podem ser colhidos durante essas vivências.
Para as marcas, o metaverso representa a oportunidade de se conectar com as pessoas de uma maneira ainda mais genuína e assertiva. Não se trata de oferecer somente um serviço, ou o famoso clichê da “melhor experiência”, mas sim de proporcionar um mundo completo, com possibilidades inteiras e profundas. Estamos diante da união do entretenimento com um mundo de soluções que pode ser traduzido em criatividade e negócios para todas as marcas do globo, atendendo totalmente às necessidades das pessoas.
Em termos de experiência digital e potencialização de todo o ecossistema económico, são infinitas as possibilidades. O mundo em que vivemos, nesta mudança constante, de ora conectado e ora desconectado, é completamente vasto e infinito. Logo, o que temos no metaverso também pode ser. As relações humanas, sociais e comerciais serão, de facto, o grande ponto alto desse espaço virtual, e, para tanto, este lugar precisa ser agradável, seguro, acessível e com a possibilidade de se moldar constantemente ao movimento da atenção das pessoas. Além disso, a própria cultura do metaverso é algo inédito, que reforça e traciona ainda mais cada indivíduo e também as comunidades de culturas específicas.
E como as marcas podem explorar essa possibilidade?
Primeiramente, é preciso emergir nas tecnologias existentes, compreendendo os recursos disponíveis e mapeando (constantemente) o que está movimentando a atenção das pessoas. E aqui temos um ponto interessante: não se trata apenas de entretenimento e jogos, mas sim, de que grande parte desse mundo é e será pautado por estes dois pilares. Portanto, não seria estranho pensar em casos e logo imaginar ativações de marcas nos próprios ambientes dos jogos. Como o show da Ariana Grande no Fortnite, o próprio CarnaTinder feito pela Adventures, a Sotheby’s, que fechou recentemente a sua primeira mostra no metaverso ao adquirir um terreno no distrito artístico de Decentraland e construir uma réplica de suas galerias de Londres. De toda forma, estes exemplos são somente a ponta de um gigantesco caminho a ser percorrido.
No futuro, podemos ter um grande metaverso conectado, quase que único, tal como pode ser a proposta do Facebook um dia. No entanto, hoje o que pode ser feito é buscar entender totalmente, de ponta a ponta, quais são as bases destes diversos universos criados. Qual o grande lance de estar lá? Quais as dificuldades que um utilizador tem nesse metaverso? Quais as narrativas, desejos e dores de quem está lá? Quais as estruturas básicas para alguém se manter lá? Quais as moedas de troca para crescer e aumentar o seu poder e notoriedade no metaverso? É ser, por meio da marca, um agente que catalisa e proporciona todas essas respostas.
Assim, é muito importante que as marcas estejam atentas para acompanhar a velocidade da cultura. Só dessa maneira será possível compreender onde está a atenção e quais são os desejos e dores das pessoas. O facto é que o mundo em que vivemos está em constante e veloz aprendizagem, principalmente, para novas tecnologias que facilitem e contribuam para uma vida sem barreiras. Por isso, é essencial que a gente consiga acompanhar essa revolução em todos os aspectos. Está pronto para ampliar os horizontes e participar dessas infinitas realidades?
Artigo de Rapha Avellar, Autor – MIT Technology Review Brasil