A tecnologia continua a ganhar protagonismo nas dinâmicas e rotinas corporativas, inclusive nos processos de captação de talento. Nos dias de hoje, a contratação de pessoas já não se resume a publicar um anúncio nas redes sociais ou procurar recomendações junto de amigos. De uma forma gradual, as soluções de Inteligência Artificial (IA) estão a complementar os cargos humanos e nem tudo é um mar de rosas: há vantagens, desvantagens e até perigos.
Atualmente, existem empresas relutantes quanto à evolução tecnológica, enquanto outras já estão na frontline da implementação de soluções de IA em todos os departamentos – os Recursos Humanos (RH) não fogem à regra.
Segundo a IDC, prevê-se que o valor de mercado de IA pode atingir quase 450 mil milhões de dólares em 2022 e 85% das organizações vão combinar conhecimentos humanos com IA. É indiscutível que estamos diante de uma ferramenta muito poderosa, capaz de fazer face à transformação digital acelerada. Aliás, muito mais acelerada do que era esperado.
Ainda assim, apesar de Portugal estar a ser muito procurado por multinacionais como um potencial hub internacional de IA, devido às competências tecnológicas reconhecidas, não podemos ignorar que 90% das organizações europeias terão falta de recursos tecnológicos até 2025. Segundo a IDC, só em Portugal, prevê-se que irá faltar mais de 10 mil profissionais até 2025. É evidente que um dos maiores constrangimentos nas empresas é, precisamente, a dificuldade na captação e retenção de talento. Contudo, podemos contornar este desafio, e muitos outros, se recorrermos às soluções de IA.
Cada vez mais, as indústrias estão a descortinar as potencialidades ilimitadas das tecnologias de IA, uma vez que aumentam a produtividade, otimizam processos e, acima de tudo, ajudam na gestão de pessoas e de recursos.
As vantagens da aplicação destas soluções tendem a centrar-se na redução de custos, minimização de erros, automatização de operações, flexibilidade e tomadas de decisão mais rápidas. Além disso, podemos avaliar os níveis de satisfação dos candidatos e o contacto não podia ser mais personalizado: conseguimos antecipar as suas motivações, interesses e estados emocionais.
Uma maior compreensão do candidato vai permitir que a seleção seja mais eficaz e completa, com recurso a dados concretos como a experiência profissional, habilidades e competências. Não há como negar que este é o caminho a percorrer, se quisermos garantir uma contratação mais assertiva. Há que colocar a tecnologia ao serviço das empresas.
Aliás, pode ser game changing para os empregadores que têm vagas por preencher, mas faltam os profissionais qualificados para ocupá-las. Um estudo da ManpowerGroup, aponta que, só em Portugal, mais de metade dos empregadores têm dificuldade de encontrar os candidatos certos.
Apesar das tecnologias de IA serem uma mais-valia para os processos de contratação e gestão de pessoas, não nos podemos esquecer que tem de existir sempre um apoio humano. Claro que as empresas têm de acompanhar os ventos da mudança porque só assim, conseguirão agilizar um volume exacerbado de dados. Porém, sem nunca desvalorizar o fator humano – a inteligência emocional, a comunicação empática e a criação de valor estratégico, continuam a ser os derradeiros elementos-chave nos processos de captação de talento.
Artigo de Ana Barros, Autora – MIT Technology Review Portugal