Tema que ganha cada vez mais espaço nas discussões entre as lideranças empresariais, o ESG pode ser impulsionado pela tecnologia.
Cada vez mais presente nas reuniões de diretoria e nas atividades diárias das empresas, o termo sustentabilidade tem protagonizado – ou considerado de forma mais contundente – decisões importantes de executivos. Além das percepções diante desse assunto terem mudado consideravelmente nos últimos anos, é possível dizer que conservação do meio ambiente e práticas sustentáveis são tratadas cada vez mais como tarefas de todos, e isso inclui toda a cadeia produtiva que faz “a máquina girar”.
De acordo com o estudo “Own your impact: Practical paths to transformal Sustainabily”, feito pelo IBM Institute for Business Value, a agenda de sustentabilidade vem ganhando a atenção dos principais CEOs ao redor do mundo, já que ela é considerada um imperativo de negócios e estímulo de crescimento. O relatório, que entrevistou mais de três mil CEOs, mostrou que 50% deles consideram as questões relacionadas à sustentabilidade como prioridade nas suas empresas, o que representa um aumento de 37% em comparação com o ano passado. Em contrapartida, 51% deles afirmam que implementar essas práticas é um dos principais desafios nos próximos anos. Mesmo diante desses obstáculos, 95% dos CEOs disseram que se encontram no estágio piloto de implementação de sua estratégia e 23% deles já estão nesse processo de forma mais avançada.
Outro dado importante do estudo aponta que quase 70% dos executivos entrevistados estão envolvidos na estratégia de sustentabilidade de toda a organização e mais de 80% deles acreditam que, ao investir nessa proposta, os resultados irão melhorar nos próximos cinco anos.
A pesquisa evidencia o aumento da atenção às questões relacionadas ao meio ambiente e sustentabilidade no mundo corporativo. Dessa maneira, consequentemente, é preciso preparar-se para uma revolução tecnológica focada em reduzir danos e, até mesmo, estimular a regeneração do meio ambiente. Portanto, o que se espera das próximas décadas é a utilização inteligente da tecnologia para a preservação da nossa casa e soluções que possam reduzir os danos já causados.
Além da conscientização da alta cúpula de executivos, as marcas também olham para os seus consumidores, que estão cada vez mais atentos a essa agenda e estão mais conscientes em responsabilizar grandes players do mercado por alguns danos na humanidade. É o que mostra o estudo “No Planet B”, feito pela Oracle em parceria com Pamela Rucker, consultora de CIO e instrutora de Desenvolvimento Profissional de Harvard com mais de 11 mil consumidores e líderes de negócios residentes em mais de 15 países.
O levantamento apontou que as pessoas estão querendo mais ação das empresas a respeito das iniciativas sociais e sustentabilidade. 89% dos entrevistados disseram que as empresas teriam um progresso maior em relação a sustentabilidade e objetivos sociais com o auxílio da Inteligência Artificial e 70% acham que os bots ajudariam as pessoas a evitarem falhas. Isso porque os processos operacionais são alguns dos principais gargalos das empresas. Outro dado relevante mostra que os programas de sustentabilidade e ESG são fundamentais para o sucesso das organizações.
Assim, conseguimos dizer que unir inovação a sustentabilidade não é mais uma opção e sim uma necessidade. A tarefa não é fácil, uma vez que as empresas ainda enfrentam desafios para implementar soluções inovadoras ou até mesmo eliminar processos que não são sustentáveis. A busca por eficiência operacional, portanto, deve andar de mãos dadas com a busca por eficiência de utilização de recursos e na mitigação de danos. Aplicar as técnicas inovadoras vai muito além da criação de um serviço ou produto: é necessário mudar o mindset dos líderes e gestores e transformar toda a cadeia de produção da companhia, de ponta a ponta – implementar políticas de logística reversa em toda a cadeia produtiva, por exemplo, é uma ação simples e que só precisa ser aprimorada para não afetar no caixa.
Mas vamos lá: é preciso também pensar no cenário macro, não apenas com a sobrevivência da sua empresa. A curto e médio prazo, podemos elencar algumas vantagens em entrar de cabeça na sustentabilidade: economia de recursos naturais como água e energia, maior competitividade, valorização da marca, maior eficiência nos processos, redução do desperdício de recursos, economia financeira e aumento de lucro.
Mas, na prática, como a tecnologia pode ser aplicada para mudar esse cenário?
Por meio de Inteligência Artificial e algumas ferramentas como machine learning, é possível extrair informações, avaliar dados e monitorar tudo o que envolve o meio ambiente. Dessa forma, é possível traçar estratégias mais eficientes de extração de matéria-prima, emissão de gases ou produção de lixo, por exemplo. Conseguimos elencar algumas soluções inovadoras já implementadas. Técnicas de reutilização de água, por exemplo, possibilitam a captação subterrânea por meio de poços artesianos legalizados para fins potáveis ou até mesmo captação de água de chuva para fins não potáveis. Soluções simples como essa já reduzem o uso da água — muito explorada em diversas indústrias dos mais variados setores.
Outro exemplo interessante é o uso da IA para gerir rotas de entregas dos caminhões com o objetivo de diminuir o consumo de combustíveis fósseis e ajuda a economizar a iluminação de edifícios por meio de sensores inteligentes. Uma outra frente que está em alta nos últimos dias é com relação a energia solar, principalmente depois do aumento do preço da energia elétrica. Por ela ser limpa, farta e com baixo impacto no ambiente, atrai a atenção do mercado corporativo e dos condomínios residenciais.
Diante dessa evolução de consciência de tomadores de decisão em relação à preocupação ambiental, a agenda ESG (Environmental, Social and Governance) ganhou força nos últimos anos nas empresas e no vocabulário popular. Com os holofotes em cima dessa sigla, o conceito veio para colocar em prática – com ações contundentes e que sejam, de fato, eficientes – tudo o que tem sido discutido há muitos anos. Para que uma companhia possa adotar essa nomenclatura, é preciso adotar práticas sustentáveis em relação aos recursos do meio ambiente, promover ações de bem-estar dos seus colaboradores, implementar políticas de diversidade e reforçar práticas de compliance para garantir uma administração ética.
Um estudo feito pela Toro Investimentos apontou que as empresas que utilizarem as boas práticas de ESG têm um menor risco de se depararem com problemas jurídicos, trabalhistas, fraudes e ações de impacto ao meio ambiente.
Uma pesquisa feita pela SAP nomeada de “Sustentabilidade na Agenda dos Líderes Latino-Americanos”, com mais de 400 empresas, apontou que 31% delas passaram a utilizar soluções com o objetivo de reduzir ou eliminar resíduos, ajudando assim a economia circular e 32% delas possuem aportes financeiros para ajudar nesse processo. E a adoção desse conceito tem aumentado gradativamente ano após ano. Somente em 2022, a quantidade de companhias interessadas nessa iniciativa aumentou 26%.
O que mostra uma mudança significativa no perfil dos consumidores. Isso porque as pessoas têm procurado por empresas que estão alinhadas com os seus princípios e valores, sendo determinante na hora da escolha da marca a ser consumida. Isso fez com que as instituições se vissem obrigadas a ingressar nesse meio, pois caso contrário ela ficaria pra trás e perderia mercado.
Por isso, posso concluir que nos próximos anos a sociedade como um todo estará muito mais ligada às questões sustentáveis e arrisco dizer que iremos ver no futuro soluções muito disruptivas fazendo parte do dia a dia das empresas e trabalhará de forma integrada com os funcionários, proporcionado resultados importantes para todos os envolvidos.