Nos Bastidores da Operação Tempestade no Deserto: O Novo Paradigma Militar
Edição - Nov 2024

Nos Bastidores da Operação Tempestade no Deserto: O Novo Paradigma Militar

Uma política internacional moldada pela Guerra do Golfo levanta questões profundas sobre o futuro papel dos EUA no mundo.

Autor: MIT Tech Review
*Publicado originalmente em maio/junho de 1991.

Independentemente do resultado dos acontecimentos no Golfo Pérsico, a Operação Tempestade no Deserto criou um novo paradigma para as Forças Armadas dos EUA. Enquanto os modelos anteriores de combate imaginavam que as tropas americanas se envolveriam em confrontos com as forças do Pacto de Varsóvia na Europa, ou em guerrilhas na América Central, o novo modelo prevê confrontos periódicos com potências regionais bem armadas, como a Síria ou o Iraque. Para diferenciar esses conflitos do “combate de alta intensidade” europeu ou da “guerra de baixa intensidade” na América Central, as autoridades do Pentágono classificam esses confrontos como “conflitos de média intensidade” (MIC, na sigla em inglês).

Assim como a Tempestade no Deserto, os futuros MICs provavelmente serão rápidos e altamente tecnológicos, envolvendo o uso irrestrito das armas mais sofisticadas disponíveis. Essencialmente, os EUA combaterão as potências emergentes do Terceiro Mundo com armas projetadas para uma guerra contra a União Soviética. Embora não haja um “próximo Iraque” claramente definido, o risco percebido de um MIC provavelmente persistirá por anos. Nações como a Síria, o Paquistão e o Brasil têm ambições que poderiam eventualmente levar a um confronto com os EUA, e algumas dessas potências emergentes já possuem arsenais modernos e vastos, com armamento de destruição em massa, incluindo armas químicas, nucleares e biológicas.

“Houve uma época em que os conflitos nos países em desenvolvimento evocavam a visão de uma guerra simples e de baixa tecnologia que não necessitava de armas sofisticadas”, declarou o almirante Carlisle Trost ao Congresso dos EUA no início de 1990. “Esse tempo já passou”, acrescentou. Hoje, “os países em desenvolvimento estão equipados com armas do ‘Primeiro Mundo’.” A proliferação de armas químicas, o crescente acesso à capacidade de armamento nuclear, além da proliferação de mísseis balísticos e de cruzeiro, submarinos e aeronaves táticas de alto desempenho, significam que praticamente qualquer nação pode dispor de um arsenal eficiente e mortal. Diante dessa realidade, Trost argumentou que “a questão fundamental da defesa para os EUA no futuro próximo é manter uma postura militar que proteja nossos interesses e os de nossos aliados contra uma diversidade de ameaças regionais”.

Uma política de segurança nacional baseada em “conflitos de média intensidade” (MICs) apresenta muitos atrativos para as Forças Armadas dos EUA, especialmente pela justificativa que oferece para a manutenção de um arsenal de alta tecnologia em larga escala no Pentágono. Com o fim da necessidade de forças militares na Europa após a dissolução do Pacto de Varsóvia, e com operações antinarcóticos e de contrainsurgência na América Latina sendo conduzidas por tropas de infantaria leve, como os Boinas Verdes, a ameaça representada pelas potências emergentes do Terceiro Mundo gera preocupações no Congresso. Isso permite que o Departamento de Defesa (DoD) mantenha unidades blindadas e mecanizadas semelhantes às que estão sendo retiradas da Europa.

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