O Minuto MIT Technology Review, em parceria com a KPMG Portugal e a CNN Portugal, tem sido um espaço essencial para conseguirmos entender como a tecnologia está a transformar o nosso dia-a-dia. Afinal, o futuro já não é algo tão distante—está a acontecer agora. Portugal tem sido um protagonista nesta revolução digital.
Com temas que vão desde a inteligência artificial e a mobilidade urbana até à inclusão digital, fiscalização e inovação na saúde. Cada episódio trouxe histórias, desafios e oportunidades que mostram como a tecnologia pode melhorar a nossa vida e o mundo à nossa volta.
Tecnologia, Automação e Sustentabilidade: Transformações no Mercado de Trabalho, Mobilidade e Fiscalização
A inteligência artificial (IA) e a automação estão a transformar rapidamente o mercado de trabalho, exigindo que empresas e profissionais adaptem-se às novas dinâmicas tecnológicas. Segundo Arlindo Oliveira (IST), especialista no tema, “estima-se que 25% dos empregos serão afetados pela IA nos próximos cinco anos, com a substituição de tarefas repetitivas”. Este cenário impõe desafios, mas também cria oportunidades, uma vez que “as empresas devem investir em competências como o pensamento analítico e a aprendizagem contínua”, permitindo que os trabalhadores desenvolvam habilidades que complementem as capacidades da automação.
Além disso, Oliveira destaca que “a colaboração entre humanos e máquinas não só maximiza os benefícios da automação, mas também abre portas para novas formas de trabalho e inovação”, reforçando que a criatividade humana, aliada à eficiência das máquinas, será essencial para impulsionar a produtividade e a competitividade em diversos setores. Para além do impacto no mercado de trabalho, a tecnologia também assume um papel central na mobilidade urbana, um desafio crescente diante do acelerado crescimento das cidades. Conforme apontou Alexandre Correia (KPMG), “até 2050, dois terços da população mundial viverão em áreas urbanas, com um aumento de mais de 2 bilhões de pessoas”, o que exige soluções inovadoras para a infraestrutura e os sistemas de transporte. Ferramentas como o Citymapper, utilizadas em cidades como Lisboa e Londres, ajudam a otimizar a mobilidade, fornecendo dados valiosos para gestores urbanos. Correia ressalta que “Lisboa planeia duplicar a sua rede de ciclovias até 2030 e utilizar 100% de energia renovável no metro, destacando-se como uma cidade sustentável e inovadora”, demonstrando como as políticas urbanas podem integrar tecnologia e sustentabilidade para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos.
Além disso, iniciativas como o programa Smart Open Lisboa incentivam startups focadas em soluções de mobilidade, promovendo a inovação e a eficiência no transporte urbano. No setor da fiscalização e da transparência financeira, a tecnologia também desempenha um papel fundamental, modernizando processos e otimizando a gestão fiscal. Como explicou Ana Roldão (KPMG), “a IA simplifica tarefas rotineiras, permitindo que os profissionais se concentrem em atividades estratégicas”, o que contribui para um sistema mais eficiente e automatizado. A Autoridade Tributária e Aduaneira já utiliza inteligência artificial para selecionar contribuintes para inspeção fiscal, aumentando a eficiência e reduzindo a evasão. Roldão enfatiza que “a tecnologia permite a criação de modelos preditivos e a análise de grandes volumes de dados, facilitando decisões informadas e transparentes”, o que reforça a importância da inovação na modernização dos sistemas tributários. Segundo ela, “a IA não só acelera o cumprimento fiscal, mas também ajuda a identificar padrões e oportunidades que antes passariam despercebidos”, demonstrando o potencial da inteligência artificial para tornar a fiscalização mais justa, ágil e precisa. Diante dessas transformações, torna-se evidente que a tecnologia está a redefinir o mercado de trabalho, a mobilidade urbana e a gestão fiscal, exigindo adaptação contínua e investimento em soluções inovadoras para maximizar seus benefícios e garantir um futuro mais sustentável e eficiente.
Inclusão Digital, Capacitação e Tecnologia na Saúde: Transformações na Sociedade e na Economia
A crescente digitalização da sociedade e o impacto das novas tecnologias na economia, na educação e na saúde têm sido temas centrais de discussão. A inclusão digital desempenha um papel fundamental neste processo, permitindo que mais pessoas participem ativamente da economia digital. Segundo André Ohl (Green Code), “atualmente, 56% da população portuguesa possui competências digitais, ligeiramente acima da média da UE”, um dado que reflete o avanço do país nesta área. Portugal destaca-se ainda pela sua infraestrutura tecnológica, sendo um dos líderes em cobertura 5G, com 65% dos agregados familiares abrangidos. Para impulsionar essa evolução, o governo tem investido em iniciativas como o INCoDe.2030 e o Escola Digital, que promovem a capacitação digital da população, além da app do Cidadão, que centraliza serviços públicos e facilita o acesso à informação e a interação com o governo. “Estas iniciativas são fundamentais para garantir que todos os cidadãos possam participar plenamente na economia digital”, afirmou Ohl, destacando que a inclusão digital não só melhora a qualidade de vida, mas também fortalece a competitividade económica do país.
No contexto do futuro do trabalho, a capacitação digital surge como um fator decisivo para garantir a empregabilidade e o crescimento das empresas. A Dra. Tânia Covas (UC) ressaltou a importância do desenvolvimento de novas competências tecnológicas, enfatizando que “funções relacionadas a big data, fintech e cibersegurança estão em crescimento acelerado”. Para acompanhar essa tendência, a União Europeia planeia formar 300 mil profissionais de cibersegurança até 2030, enquanto iniciativas como o INCoDe.2030 e o programa Emprego + Digital 2025 têm desempenhado um papel crucial na requalificação de
trabalhadores e no fortalecimento da digitalização em setores estratégicos, como a indústria, o turismo e a agricultura. “Estas iniciativas são essenciais para preparar a força de trabalho portuguesa para os desafios e oportunidades da era digital”, afirmou Covas, sublinhando que a capacitação digital não só aumenta a empregabilidade, mas também impulsiona a inovação e a competitividade das empresas no país.
Além de transformar o mercado de trabalho, as tecnologias digitais estão a revolucionar o setor da saúde, trazendo mais eficiência e um atendimento personalizado aos pacientes. Ricardo Baptista Leite (HealthAI) destacou que “a IA permite decisões mais informadas, com a análise de dados clínicos para identificar padrões e tratamentos personalizados”, tornando o diagnóstico e o tratamento mais precisos. Além disso, a tecnologia facilita a prevenção de doenças, com a deteção de surtos e pandemias em tempo real, além de melhorar a acessibilidade a exames e tratamentos. “Em Portugal, a utilização segura e eficiente de dados clínicos pode impulsionar o progresso do setor e melhorar a qualidade de vida dos cidadãos”, afirmou Baptista Leite, reafirmando que a digitalização não só aumenta a eficiência dos profissionais de saúde, mas também melhora significativamente a experiência dos pacientes. Complementando essa visão, Teresa Magalhães (ENSP) abordou aplicações práticas da IA no setor, destacando que “ferramentas como o avaliador de sintomas permitem a triagem de pacientes antes de consultas ou urgências, enquanto o reconhecimento de voz facilita a interação entre médicos e pacientes, melhorando a eficiência do atendimento”. A IA também contribui para reduzir erros médicos e aumentar a precisão dos diagnósticos, através da análise de sintomas e do histórico clínico de cada paciente. “Estas inovações mostram como a tecnologia está a transformar o setor da saúde, tornando-o mais eficiente e acessível”, afirmou Magalhães, sublinhando que a automação e a inteligência artificial libertam os profissionais para que se concentrem em tarefas mais complexas e críticas.
Diante deste cenário de transformação digital, torna-se evidente que a inclusão digital, a capacitação tecnológica e a inovação na saúde são pilares fundamentais para um futuro mais conectado, eficiente e sustentável. A combinação de investimentos em infraestrutura, educação digital e avanços tecnológicos não apenas fortalece a economia e o mercado de trabalho, mas também melhora a qualidade de vida dos cidadãos, garantindo que o progresso tecnológico seja acessível a todos.
No final, a mensagem é clara: a tecnologia não é um fim em si mesma, mas uma ferramenta para criar um futuro melhor. Quer seja na forma como trabalhamos, nos deslocamos, lidamos com as finanças ou cuidamos da nossa saúde, a inovação está a abrir novas possibilidades e a transformar a nossa sociedade.
O Minuto MIT Technology Review continua a ser um espaço essencial para acompanhar estas mudanças e entender como podemos tirar o melhor proveito da era digital—porque o futuro, afinal, já começou.