Humanos e Tecnologia

O novo Google Page Experience e os seus impactos nas lojas virtuais

Nos últimos anos foram várias as mudanças no trabalho de otimização de sites para pesquisa orgânica. É preciso estar preparado para mais uma atualização anunciada pelo Google para maio de 2021.

Lojas de e-commerce dependem bastante do tráfego orgânico para evitar um alto investimento em paid media. Ou as visitas e acessos vêm de pesquisas orgânicas, ou os lojistas precisam gastar muito dinheiro para manter o site presente nos motores de busca. Os fatores que impactam e ajudam um site ou loja virtual a se posicionarem na primeira página do Google, mudam com uma certa frequência e os sites de e-commerce precisam estar alinhados com as mudanças caso queiram se manter gerando tráfego e venda por pesquisa orgânica.

Em maio de 2020, o Google informou na sua central de pesquisa que já fazia um ano que estavam a trabalhar para que os indicadores de experiência na página fossem incluídos na classificação da Pesquisa Google. Ou seja, esse trabalho começou em 2019, no mesmo ano em que o Google lançou o Google BERT, um algoritmo que consegue interpretar cada consulta quase como um cérebro humano. O BERT consegue identificar, por exemplo, quando está a falar de um forno (clima muito quente num local) e quando está a falar de um forno (eletrodoméstico).

Os indicadores de experiência de página combinam indicadores encontrados no “Principais métricas da Web” do Google Search Console, com alguns indicadores de pesquisa já existentes. O Google Search Console é serviço gratuito do Google para webmasters que permite que estes profissionais verifiquem o status de indexação dos sites e otimizem a visibilidade destes.

Além do Google Bert e do novo Google Page Experience, que foi anunciado para maio deste ano, o Google possui algoritmos que impactam os resultados das buscas sendo lançados e sofrendo ajustes, desde 2011. Tem sido assim, com o Panda (2011), o Penguin (2012), o Hummingbird (2013) e, praticamente a cada ano, o Google lança um algoritmo novo que faz com que as equipas de desenvolvimento e profissionais de conteúdo fiquem atentos às mudanças e adaptem os sites para estas.

A questão é que agora, com esse foco maior em User Experience (UX), um novo profissional se torna necessário na equipa de SEO. Existem até ferramentas indicadas pelo próprio Google como ferramentas vitais para ajudar no diagnóstico, mas confesso que não adianta ter um alicate ou chave de fenda, caso não saiba manusear. Além disso, pedir para um gestor para que faça uma análise no Page Speed Insight, para verificar o tempo de carregamento do site e descobrir que o tempo de carregamento está ruim, é uma parte do trabalho e saber onde otimizar e o que corrigir é outra parte e nessa hora, sai o gestor e entra o especialista.

Especialista em quê?

Se até pouco tempo atrás, o trabalho de SEO era feito por um programador que implementava as recomendações e correções mais técnicas relacionadas aos fatores internos do site (On Page SEO) e um gestor de conteúdo que planeava e produzia as estratégias para produção de conteúdo (textos, vídeos, imagens, áudio, infográficos etc), hoje em dia, dependendo do tamanho do seu e-commerce, um especialista em usabilidade torna-se necessário no trabalho de SEO.

Este especialista vai pensar um site que seja mobile friendly, responsivo (adaptável a qualquer tela e dispositivo), que tenha poucos cliques até a compra, vai observar questões importantes de CRO (Conversion Rate Optimization) e planear um site que apresente o produto/serviço de forma a criar uma ótima experiência de compra. Desta forma, o site ainda vai crescer em volume de tráfego orgânico, pois essas preocupações são as que o Google tem pedido que os sites tenham e sendo assim, o motor acaba por classificar melhor quem segue essas regras.

Veja abaixo o gráfico que mostra como essas mudanças vão passar a avaliar os sites a partir de agora:

Fonte: Google Search Central Blog

Core Web Vitals

Como vimos na imagem anterior, há três métricas principais envolvidas nesta mudança: LCP (Largest Contentful Paint), que envolve o desempenho de carregamento, o FID (First Input Delay) que está relacionado a questões de interatividade e o CLS (Cumulative Layout Shift) que é o que há de grande novidade e que se preocupa com estabilidade visual da página. Confuso? Vou mostrar uma imagem que vai demonstrar o CLS na prática.

O HTTPs deve ser contratado por meio de um certificado digital SSL. Hoje em dia, não só o SEO, mas até as campanhas de paid media possuem restrições para o não uso de HTTPs. O mobile friendly, pode testar por meio de uma ferramenta oferecida pelo próprio Google Search Console.

O Intrusive Interstitial vai acabar com as mensagens do tipo pop up que aparecem quando mal entra numa loja virtual, nem viu os produtos ainda e já lhe enviam uma caixa com desconto para quem digitar o e-mail. Ou aqueles caixas que aparecem quando está a aproximar-se do botão de fechar do browser. Empresas especializadas neste tipo de serviço de recuperação de utilizador/venda, vão precisar se reinventar. Veja abaixo um exemplo:

Fonte: Search Engine Juornal

Até pode ter um especialista em SEO que acumule funções: SEO + conteúdo ou SEO + desenvolvimento ou SEO + UX, mas o ideal é que a equipa de SEO seja composta de um especialista, coordenador ou gestor de SEO, um programador, um profissional de conteúdo e um profissional de UX.

No fim do dia, o importante é que a sua equipa esteja atenta às mudanças e implemente-as nos sites dos seus clientes, pois a queda de tráfego e/ou vendas por pesquisa orgânica pode impactar no cancelamento de projetos ou até mesmo de contas, e isso não é saudável para ninguém.

Artigo de Gustavo Loureiro, Autor – MIT Technology Review Brasil